País

Violência doméstica: rendas altas impedem vítimas de sair de casa

O aumento do arrendamento está a provocar dificuldades no acesso a habitações para vítimas de violência doméstica. Sem terem para onde ir, muitas são obrigadas a permanecer em casa com os agressores.

Loading...

Salários baixos, rendas elevadas e a subida do custo de vida estão a deixar muitas vítimas de violência doméstica em situações de grande fragilidade.

As vítimas de agressões continuam a ser na maioria mulheres, muitas com filhos e sem lugar para onde ir e segundo Daniel Cotrim, membro da Associação de Apoio à Vítima (APAV), os apoios do Estado são insuficientes.

Em Portugal, a Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica é constituída por instituições púbicas e associações, conta com 36 casas de apoio e 18 estruturas de emergência, sendo que a permanência é sempre provisória.

" O período é de seis meses e pode ser prolongado por mais seis meses dependendo da situação de casa vítima", garante Ilda Afonso, membro da União de Mulheres Alternativa e Resposta.

Com rendas muitas vezes superior ao salário que ganham, a solução passa pelas casas de abrigo.

"Algumas mulheres com crianças correm o risco de ficar sem abrigo daí muitas vezes irem para casa de abrigo mesmo que aquela não seja a resposta que precisam naquele momento. Muitas vezes as mulheres só precisam de tempo para se reorganizar", garante Daniel Cotrim.

O número de estruturas de apoio diminuiu desde a pandemia, são agora menos oito de emergência e menos três casas de abrigo, apesar do número de vagas estar a aumentar porque a procura é também agora superior.

Em 2019 havia 199 vagas em emergência, agora são 230. Quanto às vagas nas casas de abrigo passaram de 617 para 649.

"Já seria tempo de implementar medidas de afastamento do agressor e que as mulheres possam ficar nas suas casas e não tenham que sair", afirma Ilda Afonso.

Para as organizações de apoio às vítimas o problema seria resolvido se a justiça fosse cumprida.

A lei existe e é clara: quem tem de abandonar a casa de família é o agressor, mas na maioria dos casos isso não acontece e são quase sempre as vítimas que são obrigadas a procurar refúgio noutros locais.

Últimas notícias
Mais Vistos
Mais Vistos do