O bairro de Montemor, no concelho de Loures, nasceu há cerca de 15 anos nos terrenos de uma antiga construtora. Entre os cerca de 500 moradores, quem ergueu a sua casa até 2021 entrou no Censos e ficou protegido no último recenseamento.
Há dois dias, as máquinas chegaram, ao lado da polícia, deitando abaixo o que alguns colocaram de pé com o pouco que tinham poupado.
No bairro quem pode acolhe, mas as casas já tem muitos lá a morar. Abrem-se as portas, mas nem sempre por muito tempo.
Uma das casas deitadas abaixo foi a de Rosa, que vive no bairro há 10 anos. Já tinha, como outras, número na porta e estava incluída no Censos. Agora, Rosa está agora como várias pessoas no bairro, incluindo crianças: tem um cama, não tem um teto.
Fizeram o mesmo a Maria, no Bairro do Zambujal, há poucos dias, também no concelho de Loures. A casa, incluída no Censos, tinha um anexo ilegal.
Quer no Montemor, quer no Zambujal, a autarquia é acusada de chegar apenas com as máquinas para partir, sem alternativas, nem soluções.
“Não trouxeram assistente social para realojar as pessoas, deixaram-nas sem teto. Quando as pessoas constroem esses anexos ou barracas, constroem por necessidade. Há pessoas que moram aí há 30 anos, os filhos crescem. Com a crise que há na habitação, querem que as pessoas façam o que”, questiona Norberto Andrade, da Associação Moradores do Bairro do Zambujal.
A SIC pediu esclarecimentos à vice-presidente da Câmara de Loures, mas Sónia Paixão, responsável pelo pelouro da habitação na autarquia, não quis responder.