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Indemnizações por abusos na Igreja: “É impossível dizer que todas as situações são equiparáveis”

A Igreja Católica ainda não definiu valores e critérios para as compensações que vai pagar às vítimas de abusos sexuais. O Grupo Vita defende que cada caso tem de ser diferente.

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Há 25 vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica que pediram uma indemnização. O Grupo Vita, criado para acompanhar estas pessoas, defende que a avaliação da quantia a atribuir deve ser feita caso a caso.

“Sabemos - e são décadas de afirmação que estão por trás desta afirmação - que o impacto de uma situação traumática varia em diferentes pessoas, de diferentes formas”, afirma Rute Agulhas, coordenadora do Grupo Vita.

“É impossível entender que todas as situações estão ao mesmo nível, são iguais, ou são equiparáveis”, sustenta.

A indemnização pode servir, entre outras coisas, para pagar despesas que as vítimas tiveram com consultas de psicologia ou psiquiatria. Até agora, 25 pessoas pediram essa compensação financeira. Uma minoria entre as 90 vítimas que contactaram o Grupo Vita.

“A maior parte das pessoas não entende que a compensação financeira seja o melhor caminho, alega que não é o dinheiro que vai fazer a diferença. Que não há dinheiro absolutamente nenhum no mundo que, de alguma forma, compense aquilo que foi vivido.”

“Também temos algumas pessoas, curiosamente, que alegam que, se vierem a estar elegíveis para um processo de reparação financeira, não querem o dinheiro e, por exemplo, pensam doá-lo a uma instituição de solidariedade social”, aponta Rute Agulhas.

Na última semana, a Conferência Episcopal aprovou a atribuição de indemnizações, sem estabelecer, no entanto, valores ou critérios. Esse deverá ser o próximo passo, com o Grupo Vita a participar no processo.

Dicoceses vão receber formação

Criado há quase um ano, o Grupo Vita começa, esta terça-feira, um roteiro de formação a membros de diferentes dioceses pelo país, começando pelo distrito de Évora.

"É preciso conhecer esta problemática para poder prevenir ou agir", defende a coordenadora do grupo. “Não podemos estar só focados no passado, (...) temos de olhar para o presente e prevenir o futuro, antecipando riscos”, sublinha.

O Grupo Vita sucede a uma comissão independente, que investigou os crimes sexuais na Igreja Católica. Os resultados desse trabalho ainda ecoam: 5000 crianças e jovens foram vítimas de abusos, ao longo de décadas.

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