A centenária Barbearia Campos é a mais recente loja histórica a encerrar na Baixa de Lisboa. Nos últimos anos, a cidade tem perdido muitos estabelecimentos emblemáticos.
Os móveis foram restaurados, estavam lá desde 1886. Foram mais de 130 anos a aparar barbas, bigodes e cabelos. Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz, Aquilino Ribeiro, Almada Negreiros, António Ferro e Vasco Santana foram algumas das personalidades que sentaram naquelas cadeiras.
“O comércio torna-se todo igual porque estas lojas serão substituídas por outras lojas de cadeias internacionais que estão em todos os sítios e em todos os lugares”, disse, em entrevista, Vasco de Mello, da Associação de dinamização da Baixa.
O turismo não trouxe mais movimento para as chamadas lojas independentes, nem mesmo para as que estavam protegidas pelo estatuto de lojas históricas. A poucos metros da Barbearia Campos, há mais portas fechadas.
Criado em 2015, o Programa Lojas com História pretendia preservar a identidade, memória e caracter da cidade. Oito anos depois, não só não foi capaz de travar o encerramento das lojas que tinham esse estatuto, como se estima que tenham encerrado mais de 150 das que se pretendiam candidatar, tenham fechado também.
“Os turistas antes compravam mais. Agora andam só a ver e a comer nas esplanadas e a passear”, retratou a comerciante Rosa Amélia.
E lamentou ainda:
“A Baixa pra mim é um subúrbio de Lisboa”.