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Cativar universitários para áreas metropolitanas é uma "missão crescentemente árdua"

O Presidente da República manifestou a esperança "no já realizado em diálogo, na ciência como no Ensino Superior, para podermos ter um muito melhor Portugal".

Cativar universitários para áreas metropolitanas é uma "missão crescentemente árdua"
RODRIGO ANTUNES

O Presidente da República afirmou, nesta terça-feira, que cativar estudantes universitários para as áreas metropolitanas é uma "missão crescentemente árdua" devido às dificuldades de acesso ao alojamento, apesar dos "louváveis" investimentos nessa área.

Marcelo Rebelo de Sousa presidiu à cerimónia de abertura do ano académico 2023/2024 na Aula Magna da Universidade de Lisboa - onde foi aluno e professor -, dirigindo aos presentes três notas de "orgulho, preocupação e esperança".

No campo da preocupação, Marcelo fez referência à crise na habitação e ao acesso ao alojamento estudantil, principalmente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

"Preocupação porque cativar estudantes, mesmo com louváveis investimentos em residências e apoios suplementares, - e isto vai acontecendo, e bem - cativá-los num tempo de carestia em polos metropolitanos na habitação é missão crescentemente árdua", admitiu.

O chefe de Estado manifestou ainda preocupação "porque o refazer, permanente, antecipando futuro, exige meios humanos, financeiros e logísticos e o tempo perdido em alcançá-los e em cultivá-los é mesmo irreparavelmente perdido".

"Preocupação porque tenho amiúde dificuldade em entender um ensino superior de futuro no qual os resultados palpáveis em qualidade, de pesquisa, de publicação, não seja fator também relevante para efeito do financiamento atribuído", salientou o Presidente da República.

O chefe de Estado manifestou ainda preocupação, "porque sem diálogo e consenso entre Estado, universidades, docentes e investigadores, acerca do estatuto institucional de todos eles, incluindo estes últimos, vamos desgastando energias e desbaratando oportunidades e sobrepondo o secundário ao essencial".

No que toca à esperança, Marcelo salientou os "passos acabados de anunciar para os jovens" que "revelam uma atenção que importa manter, acelerar e aprofundar".

O chefe de Estado manifestou ainda esperança "no já realizado em diálogo, na ciência como no Ensino Superior, para podermos ter um muito melhor Portugal".

Marcelo salientou que, atualmente, existem "lideranças, estudantes, docentes e investigadores cada vez mais qualificados, exigentes mas disponíveis para o diálogo", "reitores determinados mas inteligentemente sensíveis aos limites dos ajustamentos" e elogiou ainda o "secretário de Estado [do Ensino Superior], experiente e paciente na gestão académica, como demonstrou o recentíssimo acesso ao ensino superior".

O Presidente considerou ainda que a atual ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior é "conhecedora de eleição da ciência e da escola, bem como da importância da ligação à sociedade", que o primeiro-ministro, António Costa, é um "antigo aluno de mérito e responsável associativo liderante persistente, além de por um tempo docente", e ainda que o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, é um "professor empenhado e reputado analista sociopolítico".

Já quanto ao próprio chefe de Estado, Marcelo afirmou-se como um Presidente da República "que não esquece um dia sequer a sua paixão académica".

Neste contexto, Marcelo questionou: "Se não é agora que há razões para forçar e retemperar com urgência, a esperança, quando haverá?".

Na universidade onde aprendeu "a pensar", "a amar", "a decidir" e a "lutar por causas", Marcelo deixou uma última mensagem aos estudantes.

"Se queremos verdadeiramente um Portugal melhor, a hora de termos a certeza de que a esperança não morra, antes que se converta em realidade, é esta. É agora, amanhã já seria tarde demais", rematou.

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