As feridas nos corpos dos idosos revelam, em alguns casos, pensos por mudar ou tratamentos por fazer e os relatos da falta de higiene no lar “Delicado Raminho” chegam até à SIC de quem conhece por dentro o funcionamento da instituição.
Alerta: o conteúdo que se segue é sensível
À SIC, as testemunhas revelam: “Cada funcionária recebe uma caixa com 100 luvas e essas luvas são as mesas usadas de pessoa para pessoa, e tem de dar o máximo possível (...) São vários utentes tratados com as mesmas luvas”.
“Quem troca a fralda, por exemplo, troca as fraldas de todos os outros utentes com as mesmas luvas”
A juntar às deficiências nos cuidados prestados aos idosos, juntam-se as más condições em que são mantidas as instalações.
“Na lavandaria a roupa é lavada quase todos os dias sem detergente. Fica o cheiro [das fezes e da urina]”
A instituição é promovida nas redes sociais como um espaço com grandes áreas para o bem-estar e conforto dos idosos. É destacada a especial atenção com o regime alimentar. Mas na realidade não é bem assim.
“A pessoa acamada come tudo passado. O pequeno-almoço são papas feitas com farinha de trigo, adoçante e água. O almoço é feito com o resto do jantar, com a sopa do jantar do dia anterior triturada com pão, com água”
“Há uma máquina de café muito antiga e as borras do café são utilizadas para fazer o café com leite dos utentes. São retiradas da máquina e colocadas na panela”
O “Delicado Raminho” é um lar privado, com licença de funcionamento. Pode receber até 78 utentes e neste momento terá cerca de 60. Cada um paga, em média, 1.500 euros mensais.
A diretora técnica deste lar nunca se mostrou disponível para prestar qualquer esclarecimento à SIC. Conseguimos, no entanto, contactar um utente que além dos problemas de higiene e alimentação acrescentou outro: a caldeira avariada.
“Só temos água fria. Andamos com frio, não há aquecimento”
O proprietário do “Delicado Raminho” é o mesmo do lar Peninsular, no Montijo, que há uma semana foi alvo de várias denúncias de más condições.
Tentámos novamente contactar o dono do lar. Mas tal como aconteceu da primeira vez, Mohamed Sacoor, o dono, voltou a não atender o telefone.
A SIC contactou também a Segurança Social da Lourinhã, responsável pela fiscalização do lar, mas até à data desta reportagem não obteve qualquer esclarecimento.