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Incêndio na Mouraria: Assembleia Municipal de Lisboa aprova votos de pesar

A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou votos de pesar pelas vítimas do incêndio num prédio na Mouraria. Ambos os votos manifestam "profundo pesar" pelas vidas perdidas neste incêndio, prestando as mais sentidas condolências e guardando um minuto de silêncio em memória das vítimas.

Incêndio na Mouraria: Assembleia Municipal de Lisboa aprova votos de pesar
ANTÓNIO COTRIM

A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou esta terça-feira, por unanimidade, votos de pesar do PEV e do PAN pelas vítimas do incêndio num prédio na Mouraria, em que morreram duas pessoas, e que expôs falhas no acolhimento de imigrantes.

"Esta tragédia terá posto a nu as condições de habitação de uma população fragilizada, maioritariamente composta por estrangeiros, muitos dos quais não dominam com fluência a língua portuguesa", lê-se no voto de pesar do PEV, subscrito também por PCP, BE, Livre, Iniciativa Liberal, MPT e dois deputados independentes do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre).

"Como se de um filme dramático se tratasse, todos assistimos às imagens de um rés-do-chão onde viviam 22 pessoas, sem espaço, num amontoado de colchões e beliches onde a dignidade humana ficou à porta".

Na noite de sábado, um incêndio deflagrou num prédio na Rua do Terreirinho, no bairro da Mouraria, provocando dois mortos, um homem de 30 e um jovem de 14 anos, ambos de nacionalidade indiana, e 14 feridos, todos já com alta hospitalar.

Segundo a Proteção Civil de Lisboa, o incêndio afetou 25 pessoas, 24 residentes e um não residente, deixando 22 desalojados. A mesma fonte indicou que viviam no edifício dois cidadãos de nacionalidade belga, dois argentinos, dois portugueses, três bengalis e 15 indianos.

No voto de pesar do PAN, subscrito também por IL, MPT e Cidadãos Por Lisboa, além de se lamentar a morte de duas pessoas, é manifestada a preocupação por aqueles que ficaram feridos e desalojados, uma vez que são "pessoas vulneráveis" e, possivelmente, sem qualquer rede de suporte em Portugal.

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Apesar de o Ministério da Administração Interna ter anunciado que vão ser apuradas as responsabilidades pelo incêndio, o PAN considera que "isso não resolverá as várias situações que existem espalhadas pela cidade".

"São vidas clandestinas de quem um dia deixou tudo para trás à procura de uma vida melhor e mais digna. São pessoas que confiaram em nós e em Lisboa. Foi aqui que encontraram um sítio para viver ou para sobreviver", lê-se no voto de pesar.

O PAN critica a "exploração de pessoas vulneráveis", com base na informação de que os moradores deste prédio na Mouraria "arrendavam uma habitação degradada onde pagavam 150 euros por cama num rés-do-chão com 22 pessoas", num imóvel "com poucas condições onde alegadamente alguém ganhava 3.300 euros por mês e onde 22 pessoas lutavam pela sobrevivência diária".

No voto de pesar do PEV consta a informação de que "o prédio estaria insolvente, tendo sido alienado a uma instituição financeira, sendo usado para alojamento local, e que o rés-do-chão teria posteriormente sido vendido a um estrangeiro, o qual subalugaria um dos apartamentos a cidadãos oriundos de outros países, que pagariam à volta de 150 euros por cada cama/vaga".

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Ambos os votos de pesar, viabilizados por unanimidade, manifestam "profundo pesar" pelas vidas perdidas neste incêndio, prestando as mais sentidas condolências e guardando um minuto de silêncio em memória das vítimas.

O alerta para o incêndio foi dado às 20:37 de sábado e o fogo foi declarado extinto às 21:15, tendo as chamas atingido o rés-do-chão do prédio, segundo o Regimento de Sapadores Bombeiros.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, esteve no local na noite de sábado e garantiu que todos os desalojados seriam apoiados, lamentando as duas mortes.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou com Carlos Moedas na mesma noite para se inteirar da situação, lamentando igualmente a perda de vidas.

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