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Pela primeira vez, cientistas detetam atmosfera em planeta rochoso fora do Sistema Solar

O 55 Cancri é cerca de 8,8 vezes mais maciço e tem um diâmetro cerca de duas vezes superior ao da Terra. Está localizado na nossa galáxia, a Via Láctea, a cerca de 41 anos-luz da Terra.

Conceito artístico do planeta 55 Cancri.
Conceito artístico do planeta 55 Cancri.
NASA, ESA, CSA, Ralf Crawford (STScI)

Há vários anos que os astrónomos procuravam por um planeta fora do Sistema Solar com superfície rochosa e atmosfera. Ao que tudo indica, a busca deu frutos, mas constatou-se que o astro encontrado não oferece as condições necessárias para poder ser habitado.

Os investigadores que lideraram a operação dizem, de acordo com a agência Reuters, que o planeta em questão é uma "Super-Terra", devido às suas dimensões consideravelmente superiores às do nosso planeta. É, no entanto, menor do que Neptuno.

O 55 Cancri é cerca de 8,8 vezes mais maciço e tem um diâmetro cerca de duas vezes superior ao da Terra. Está localizado na nossa galáxia, a Via Láctea, a cerca de 41 anos-luz da Terra.

O corpo celeste orbita "perigosamente" à volta de uma estrela menor e mais estreita do que o sol, completando uma volta em apenas 18 horas.

Como a distância relativamente à sua fonte de energia é reduzida, cerca de 25 vezes superior à distância entre o sol e Mercúrio, a temperatura da sua superfície é de aproximadamente 1.725 graus celsius.

Observações por infravermelhos feitas através do Telescópio Espacial James Webb detetaram que o planeta possui uma atmosfera "substancial", e ao mesmo inóspita, que se acredita que seja continuamente "abastecida" por gases provenientes de um vasto oceano de magma.

"A atmosfera é provavelmente rica em dióxido de carbono ou monóxido de carbono, mas também pode ter outros gases como o vapor de água e o dióxido de enxofre. As observações atuais não permitem determinar a composição atmosférica exata", revelou o cientista planetário Renyu Hu, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, autor principal do estudo publicado na revista Nature.

Os dados recolhidos também não indicam de forma exata a espessura da atmosfera, podendo ser tão espessa quanto a da Terra, ou ainda mais espessa do que a de Vénus, a mais densa do Sistema Solar.

Planeta não pode ter água em estado líquido

Por estar tão próximo da sua estrela, dizem os cientistas, o planeta rochoso não deveria sequer ter atmosfera, isto porque a radiação os ventos emitidos pelo corpo celeste com luz própria deveriam eliminá-la. No entanto, acredita-se que os gases libertados pelo oceano de lava que cobre a superfície do astro possam "alimentar" a atmosfera, permitindo, assim, que subsista.

Os cientistas garantem que, apesar de a descoberta ser entusiasmante, ainda não foi desta que se encontrou um planeta habitável, isto porque é demasiado quente para ter água em estado líquido, algo que é essencial à vida humana.

"Este resultado em 55 Cancri alimenta a esperança de que o [telescópio] Webb possa conduzir investigações semelhantes em planetas muito mais frios, que possam suportar água líquida à sua superfície. Mas ainda não chegámos lá", admite o astrofísico e co-autor do estudo Brice-Oliver Demory, citado pela Reuters.


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