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Putin toma posse para quinto mandato e promete "diálogo com o Ocidente"

Aos 71 anos, Putin deu início ao seu quinto mandato. No discurso da tomada de posse garantiu que não fechou as portas ao diálogo com o ocidente, mas deixou claro que não abdicará de uma "política externa forte".

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Vladimir Putin foi, esta terça-feira, oficialmente empossado como Presidente russo, marcando o início do seu quinto mandato.

A cerimónia oficial teve lugar ao meio-dia (hora local, 10h00 em Lisboa) no Salão de Santo André no Kremlin (sede da presidência), que foi construído em meados do século XIX como a sala do trono do czar Nicolau I.

Aos 71 anos, Putin pode permanecer no Kremlin até 2030 graças a uma controversa reforma constitucional, em 2020.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, não marcou presença na tomada de posse do Presidente russo, defendendo que seria uma "contradição" para a União Europeia.

Borrell argumenta a decisão de não assistir à cerimónia na capital russa por considerar que as eleições presidenciais na Rússia não foram "nem livres nem justas".

A análise de José Milhazes e o discurso de Putin

O comentador da SIC, José Milhazes, analisa, em direto na SIC Notícias, os desenvolvimentos do evento, que conta até com a presença de personalidades internacionais como o ator Steven Seagal.

O comentador refere que algumas nações da União Europeia fizeram-se representar na cerimónia, tais como Chipre, Eslováquia, Hungria e França. Os restantes, acrescenta, não quiseram comparecer. De seguida, traduz o discurso de Putin:

Na sua primeira declaração enquanto Presidente reeleito, Putin começou por "louvar aqueles que combatem na Ucrânia". Garantiu que continuará sempre a defender a Rússia e o povo russo, acima de tudo o resto.

"Só nós iremos determinar o futuro da nossa pátria em prol das gerações futuras da Rússia", afirmou.

"Não viramos as costas ao diálogo com o Ocidente"

Assumiu que o país tem planos futuros para manter a liberdade da nação e para fortalecer as relações com todos os Estados "que veem na Rússia um país sério". Sobre as relações com os países que defendem a soberania ucraniana, o Presidente russo disse o seguinte:

"Nós não viramos as costas ao diálogo com o Ocidente, mas é o Ocidente que tem de decidir se vai continuar a travar a Rússia e a apoiar a política de agressão, ou se prefere a via do progresso e da paz".

Afirmou que a Rússia continuará a trabalhar em prol da segurança mundial sem nunca esquecer "a política externa firme". Apelou também aos jovens para que participem na construção do futuro da Federação russa.

Não esqueceu também "todos os que falam russo" prometendo fazer de tudo para "justificar" a sua confiança.

Saudou ainda os antepassados russos, que "atingiram cumes impensáveis porque colocaram sempre a pátria em primeiro lugar". Continuar a ser uma potência mundial é, para o chefe de Estado do país, um dos objetivos que deve estar sempre na mente dos cidadãos russos.

"Estamos a realizar novos programas de forma a dinamizar o nosso desenvolvimento. Estamos unidos e somos um povo unido e, juntos, iremos superar tudo e iremos realizar tudo na vida. Juntos, venceremos.", vincou antes de abandonar o púlpito.

"Que paz" quer Vladimir Putin?

José Milhazes considera que este discurso foi "politicamente correto", mas questiona: "Que paz" quer Vladimir Putin? O comentador acredita que a União Europeia, ao ser representada na tomada de posse por alguns Estados-membros, "mostra mais uma vez que não tem uma política externa única nem sequer nisto".

Sobre os exercícios nucleares anunciados pelo Kremin junto à fronteira com a Ucrânia, considera que podem tratar-se de uma mera ameaça e nota que esta não será a primeira vez que tal acontece.

Lamenta ainda que o mundo esteja a entrar "numa crise extremamente perigosa", que poderá ser contida pela China, considera o comentador:

"A China jamais permitiria o emprego de armas nucleares".

Para além da nação asiática também o Brasil, a Indonésia e a Índia podem contribuir para que a Rússia não decida adotar medidas mais extremas, acrescenta o comentador.

Recorde-se que nas eleições presidenciais russas, que decorreram entre 15 e 17 de março, Putin obteve na votação em território russo mais de 76,2 milhões de votos (87,28%).

Vários Governos ocidentais alinharam-se nas críticas à legitimidade democrática das eleições presidenciais na Rússia e não felicitaram Putin, como foi o caso dos Estados Unidos. O novo mandato está previsto durar mais seis anos, o que significa que Putin será o Presidente da Rússia até pelo menos 2030.

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