O Irão considerou esta segunda-feira vergonhoso o plano da União Europeia (UE) de impor novas sanções ao país pela entrega de mísseis e 'drones' à Rússia e aos grupos que apoia no Médio Oriente.
"Se tomarem alguma ação, será registado como um ato vergonhoso na história da Europa", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kananí, numa conferência de imprensa, realizada em Teerão, sobre as possíveis sanções contra o seu país.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da União Europeia (UE) reúnem-se esta segunda-feira no Luxemburgo para tentar chegar a um acordo político que permita alargar as sanções contra o Irão.
O debate foi marcado na sequência do recente ataque do Irão contra Israel e após a intenção inicial manifestada numa reunião extraordinária sobre a situação no Médio Oriente na semana passada.
O objetivo é sancionar os mísseis iranianos e alargar as medidas restritivas contra indivíduos e entidades iranianas responsáveis pela transferência de 'drones' (aeronaves não tripuladas), disse um responsável europeu na antevisão do encontro.
Se sancionarem Teerão "será uma recompensa para o regime agressor e uma ação ilegal contra um Governo que apenas agiu dentro da estrutura das leis para criar dissuasão", defendeu o porta-voz iraniano.
Kananí referia-se ao atentado bombista de 01 de abril ao consulado iraniano em Damasco, no qual morreram sete membros da Guarda Revolucionária, e ao ataque retaliatório com centenas de mísseis e 'drones' contra Israel, que não causou danos.
"É interessante notar que a União Europeia não adotou quaisquer sanções contra o regime que cometeu crimes e massacrou o povo palestiniano, executou doentes e feridos dentro de um hospital e usou o complexo hospitalar como vala comum, mas fala em sanções contra um Governo que agiu no âmbito do direito internacional", sublinhou.
Na reunião desta segunda-feira no Luxemburgo, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da UE vão também discutir a possibilidade de sancionar a produção de mísseis balísticos, com a UE a continuar relutante em fazê-lo por ainda não ter encontrado provas de que o Irão os esteja a fornecer à Rússia.
O alargamento das sanções contra o Irão, na sequência dos ataques a Israel, tem como base o apoio de Teerão à invasão russa da Ucrânia e visa apaziguar as tensões e evitar uma escalada regional do conflito, de acordo com Bruxelas.