Mundo

Palestinianos desesperam em tendas e filas para conseguir comida

Israel insiste num ataque a Rafah, cidade onde está concentrada grande parte da população palestiniana. Sem condições mínimas, os palestinianos pedem que os deixem regressar a casa.

Loading...

O ataque do Irão a Israel, no último sábado, não abrandou as operações militares em Gaza. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, está determinado a lançar uma ofensiva terrestre sobre Rafah, no Sul de Gaza, apesar dos apelos dos aliados ocidentais.

Israel garante que é em Rafah que se escondem agora os militantes do Hamas, e que, com eles, estarão os reféns israelitas raptados a 7 de outubro de 2023.

Em Rafah está também grande parte da população palestiniana, mais de 1,5 milhões de deslocados, vindos do Norte de Gaza, agora amontoados em acampamentos sem condições mínimas.

“Não há uma casa de banho funcional, há 50 pessoas a usar uma só casa de banho, 50 pessoas numa tenda com moscas. Começámos a encontrar cobras e répteis à nossa volta com a chegada do verão”, descreve Souad Zayed, uma palestiniana deslocada.

“Salvem-nos da situação em que nos encontramos. Há quem diga que vamos atirar-nos para a morte, mas precisamos de descansar, por Deus, estamos exaustos.”

Souad Zayen, os seis filhos, o gato e centenas de outros palestinianos fizeram-se ao caminho, tentando regressar ao Norte de Gaza, e às casas de onde fugiram.

“Só queremos regressar às nossas casas. Seja nos escombros das nossas casas, só queremos viver. Não estou a chorar por tijolos e argamassa, nem por dinheiro, nem por árvores, nem por nada. O importante é que nos deixem regressar às nossas casas”, pede esta palestiniana.

Mas as tropas israelitas têm impedido a passagem dos palestinianos que tentam regressar ao Norte. Este domingo, abriram fogo sobre quem tentava passar. Uma mulher morreu e dezenas de outras pessoas ficaram feridas.

Telavive alega que o Centro e o Norte da Faixa de Gaza ainda são zona de combate e que não é seguro o regresso.

Em Gaza, quem não fugiu para o Sul tem vivido meses de terror e de privações. Por isso, a reabertura de uma padaria levou a que se formassem filas com centenas de pessoas.

“Sofremos muito quando comprávamos um quilo de farinha por uns 25 euros, isto é de loucos, as pessoas não têm dinheiro, estão falidas, não há trabalho. As nossas vidas foram completamente destruídas”, diz o palestiniano Abo Jabal, um dos muitos que esperou horas na fila.

Seis meses depois de ter começado, a guerra em Gaza já matou mais de 33.600 palestinianos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Últimas notícias
Mais Vistos
Mais Vistos do