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O último pedido: realizador de Dune 2 leva filme a doente terminal semanas antes da estreia

Josée Gagnon, que se dedica a ajudar pessoas em fim de vida a realizar os seus sonhos, conta que esta missão foi feita “a contra relógio”, pois o estado de saúde do doente - cuja identidade não foi revelada para privilegiar a sua privacidade - estava a deteriorar-se dia após dia.

Os atores Timothée Chalamet como Paul Atreides e Zendaya como Chani em "Dune: Parte II"
Os atores Timothée Chalamet como Paul Atreides e Zendaya como Chani em "Dune: Parte II"
Niko Tavernise/Warner Bros. Pictures

Um paciente de um centro de cuidados paliativos no Quebeque, no Canadá, tinha apenas um pedido antes de morrer: ver o filme Dune - Duna: Parte Dois, mas faltavam algumas semanas para a estreia nos cinemas. A fundadora de uma instituição desafiou-se a realizar este desejo e, com a ajuda das redes sociais, conseguiu que esta história tivesse um final feliz.

A tentativa de realizar esta última vontade só foi bem sucedida com a ajuda da instituição de caridade canadiana L'Avant, mais precisamente da sua fundadora Josée Gagnon, como conta o jornal americano The Washington Post.

Josée Gagnon, que se dedica a ajudar pessoas em fim de vida a realizar os seus sonhos, conta que esta missão foi feita “a contra relógio”, pois o estado de saúde do doente - cuja identidade não foi revelada para privilegiar a sua privacidade - estava a deteriorar-se dia após dia.

Foi em sessão de cinema secreta, num hospital do Quebeque, e após entregarem os telemóveis e assinado um documento de confidencialidade, que este doente terminal com cerca de 50 anos e um amigo assistiram em primeira mão ao filme no portátil do próprio realizador.

Só agora, depois de Duna: Parte Dois já ter estreado nas salas de cinema, é que Josée Gagnon foi autorizada a contar esta história.

Tudo começou em janeiro

A missão remonta a janeiro, quando a fundadora da L'Avant lançou um apelo no Facebook, onde pedia a quem tivesse essa possibilidade para contactar o realizador do filme em causa, Denis Villeneuve.

Na publicação lia-se: “O desejo era levar um pouco de magia a uma pessoa no fim da sua vida.” Acrescentava ainda que o tempo era um parâmetro crucial, pois a pessoa em causa tinha apenas “mais algumas semanas de vida”.

Sem mais detalhes, o apelo foi publicado - e chegou a bom porto.

Pouco tempo depois a instituição estava a ser contactada, e passados poucos dias um assistente do realizador estava a voar para o Canadá, com um portátil na bagagem.

Na sexta-feira passada, a fundadora da instituição contou, numa publicação no Facebook, que o realizador e a mulher, Tanya Lapointe - que é uma produtora executiva do filme - ficaram “extremamente sensibilizados”, com o desejo deste homem.

"Disseram-me: 'É precisamente por ele que fazemos filmes'.", lê-se na mensagem partilhada.

O realizador Denis Villenueve e mulher e produtora executiva Tanya Lapointe posam durante o photocall do filme 'Dune: Parte Dois" no Four Seasons Hotel, a 5 de fevereiro de 2024, na Cidade do México
Medios y Media

Ver o filme em Montreal ou Los Angeles?

O objetivo inicial do produtor e da sua mulher era trazer este doente a Montreal ou Los Angeles para ver o filme, mas o estado de saúde “demasiado fraco” deste homem tornava este propósito impossível de concretizar.

Com o doente a ficar cada vez mais debilitado, Josée reforçou o apelo.

No dia 16 de janeiro o assistente de realização de Denis Villeneuve voou para o Quebeque.

Entrou no centro de cuidados paliativos com o portátil do realizador e, após ter colocado legendas em francês, pois o homem não dominava a língua inglesa, carregou para iniciar.

Tinha passado cerca de metade do filme, quando teve de carregar no botão da pausa. O homem não estava a conseguir suportar as dores, então acabou por não ter terminado de assistir à obra cinematográfica.

O doente acabou por morrer alguns dias depois.

A fundadora da L'Avant contou, mais tarde, que alguns dos elementos envolvidos nesta missão consideraram que foi “um fracasso”, porque o doente não chegou a ver o filme todo.

Mas para Josée a conclusão a reter é completamente diferente, e ter perdido o final do filme “não importava”.

Perder o final "não importava", continua. O homem teve um "começo de vida muito difícil" e viu as pessoas à sua volta — e as que não o conheciam — trabalharem para realizar o seu último desejo. E isso, escreveu ela, "valeu todo o ouro do mundo".

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