O telescópio espacial europeu Euclid, cuja missão é estudar a matéria escura e a energia escura no Universo, chegou ao seu posto de observação e revelou na segunda-feira as primeiras imagens de teste.
As imagens foram tiradas para verificar o funcionamento dos instrumentos científicos e para calibrá-los. Portanto, ainda não são representativos das capacidades finais do telescópio. Mas já indicam que conseguirá cumprir os seus objetivos, afirma a Agência Espacial Europeia (ESA) em comunicado.
“Depois de mais de 11 anos a projetar e a desenvolver o Euclid, é emocionante ver estas primeiras imagens”, disse Giuseppe Racca, responsável da missão Euclid na ESA. “Uma vez totalmente calibrado, o Euclid observará milhares de milhões de galáxias para criar o maior mapa 3D do céu de todos os tempos”.
O Euclid descolou da Florida a 1 de julho a bordo do foguetão Falcon 9, da empresa aeroespacial norte-americana SpaceX. Após uma viagem de quatro semanas, o telescópio europeu, com a participação da NASA, chegou ao seu destino a cerca de 1,5 milhões de quilómetros da Terra, para um ponto estável do sistema Terra-Sol, designado Ponto de Lagrange 2 (L2).
O Euclid tem dois instrumentos a bordo: um gerador de imagens de luz visível (VIS) e um espetrómetro de infravermelho próximo (NISP). O primeiro serve para determinar a forma precisa das galáxias, o segundo, a sua distância.
Matéria escura e energia escura
A matéria escura e a energia escura compõem 95% do Universo, mas a sua natureza permanece um grande mistério para os cientistas. Enquanto a primeira garante a coesão das galáxias, a energia escura provoca a expansão do Universo.
Graças ao mapa 3D que irá criar, o telescópio permitirá a realização de medições precisas sobre a distribuição das galáxias e sobre a expansão do Universo, que terá começado há seis mil milhões de anos.
As galáxias observadas vão permitir viajar no tempo até 10 mil milhões de anos atrás - o tempo necessário para que a sua luz chegue até nós.
A esperança dos astrónomos é que Euclid seja capaz de detetar os vestígios deixados pela matéria escura e pela energia escura à medida que as galáxias se formam.
As operações científicas do telescópio devem começar dentro de cerca de dois meses.
Portugal em destaque nesta missão
Portugal participa no projeto desde 2012, faz parte de um consórcio que foi criado para desenvolver, construir e explorar o telescópio.
De Portugal são oriundos cientistas, engenheiros e empresas que contribuem para a missão em diversos domínios, desde o controlo das operações de voo até ao fabrico de diversos componentes do telescópio espacial e ao planeamento das observações.
Tiago Loureiro, engenheiro aeroespacial que há 19 anos trabalha na ESA, vai codirigir as operações de voo a partir da Alemanha, onde funciona o Centro Europeu de Operações Espaciais da ESA.