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Troca dura de palavras: Netanyahu quer ataque a Rafah, Biden ameaça não enviar armas

Os líderes norte-americano e israelita têm mostrado, publicamente, posições que se confrontam, sobre o futuro da guerra em Gaza.

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Os Estados Unidos da América (EUA) e Israel envolveram-se numa dura troca de palavras por causa da guerra na Faixa de Gaza. O presidente norte-americano ameaça deixar de fornecer armas, se os israelitas invadirem a região de Rafah, onde estão mais de um milhão de civis palestinianos. Israel responde que ficou desiludido com a ameaça do maior aliado internacional e mantém os ataques.

Joe Biden confirmou publicamente que já suspendeu um envio de bombas para Israel. O presidente dos EUA não exclui a hipótese de interromper a entrega de armas, se Telavive intensificar a operação militar em Rafah.

Troca pública de recados

A primeira ameaça veio do secretário norte-americano da Defesa, Lloyd Austin.

“Continuaremos a fazer o que for necessário para garantir que Israel tem meios para se defender. Mas, dito isto, estamos atualmente a rever alguns carregamentos de ajuda de segurança a curto-prazo, no contexto dos desenvolvimentos em Rafah.”

Israel não gostou do que ouviu e respondeu, pela voz do porta-voz das forças militares israelitas, Daniel Hagari.

“Quando há litígios, e eles existem, são resolvidos à porta fechada e de forma objetiva”.

A contrarresposta americana, contudo, não veio à porta-fechada.

“Continuamos preocupados com uma potencial operação em Rafah. Deixámos isso bem claro. Fomos claros com o governo israelita em privado (...) e publicamente”, afirmou Matthew Miller, porta-voz do departamento de Estado dos EUA.

De seguida, foi o próprio presidente Biden, numa entrevista à CNN internacional, a vir reforçar a ameaça: se Israel intensificar a operação em Rafah, os Estados Unidos interrompem o fornecimento de armas a Telavive.

A grande preocupação é a proteção dos civis e o auxílio humanitário. Washington exige a reabertura da fronteira entre o Egipto e a Faixa de Gaza.

Israel abriu apenas a passagem de Kerem Shalom. De acordo com as Nações Unidas, a ajuda está, no entanto, retida do lado israelita, não tendo ainda sequer entrado no enclave palestiniano.

A população em Rafah

Na parte sudeste de Rafah, o dia começou como os dois anteriores: à procura nos escombros, quer de sobreviventes, quer do pouco que restou dos ataques de Israel.

“Eu tinha comprado falafel. Ia sentar-me para comer quando senti que se aproximava um rocket. Nessa altura, caí para trás e parti a cabeça”, conta Ramzi Al-Loulou, uma criança que sobreviveu ao último ataque israelita na cidade.

Dezenas de palestinianos foram mortos durante a madrugada em Rafah. Na parte ocidental da cidade, um único bombardeamento matou um total de oito civis. Entre eles, crianças.

“Disseram para sairmos da zona leste de Rafah e que a zona oeste era segura. Isto só vem provar que as forças de ocupação são mentirosas. Não há lugares seguros, em Rafah ou em qualquer zona de Gaza. As forças de ocupação atacam em todo o lado”, diz Ramadan Al Laham, familiar de vítimas do ataque.

A Organização das Nações Unidas estima que, nos últimos dias, já tenham saído de Rafah mais de 80 mil civis. Muita gente em fuga, à procura de um lugar seguro, mas pouca, se se considerar que na região há um 1,5 milhões de palestinianos à mercê dos ataques de Israel.

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