À medida que caem as hipóteses de resgates bem-sucedidos, a Turquia enfrenta uma corrida contra o tempo para sepultar os milhares de vítimas. São enterradas em descampados e valas comuns, sem direito a cerimónias. A equipa da SIC testemunhou essa realidade, em Kahramanmaras e Gaziantep.
No meio do nada que é um descampado, duas pedras e uma placa representam tudo para as famílias das vítimas. É aqui que fazem a homenagem possível. Os líderes religiosos rezam e os familiares choram os mortos.
Num dos principais cemitérios de Gaziantep, já foram sepultadas 200 vítimas. Tal é o número de vítimas que praticamente não há direito a cerimónias. São de imediato enterradas. Cada sepultura tem direito a duas pedras e um número. É assim que as famílias identificam o corpo e podem rezar.
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Ali ao lado, as escavadoras não param, abrem espaço para as próximas vítimas. Até porque, mais de uma semana depois do sismo e com milhares de pessoas ainda desaparecidas, será uma questão de dias até todo o terreno ficar ocupado. E, por isso, não se prevê que os trabalhos parem tão cedo.
Um pouco mais a norte, também Kahramanmaras está a adaptar-se a esta realidade. É uma das cidades com mais vítimas e têm de ser enterradas em locais ermos e afastados do centro da cidade. Os corpos chegam em carrinhas, são identificados pelas equipas forenses, sepultados e depois as famílias são informadas. Também nesta cidade há centenas de notificações para fazer.
Mas há casos ainda piores. Em Antáquia, por exemplo, são tantas as vítimas que a única solução é sepultar os corpos em valas comuns.