O socialista Augusto Santos Silva não conseguiu ser reeleito deputado pelo círculo de Fora da Europa, perdendo assim o seu lugar na Assembleia da República.
Em entrevista na Edição da Noite, da SIC Notícias, o ainda Presidente da Assembleia da República considera o resultado "uma derrota política e pessoal".
Questionado se não ter sido eleito neste ato eleitoral foi um fracasso, Santos Silva lembra que o Círculo Fora da Europa sempre foi o “calcanhar de Aquiles” dos Partido Socialista.
"Fracasso? Não. Em democracia nós ganhamos e nós perdemos. O círculo Fora da Europa é muito difícil para o Partido Socialista. Antes de eu ser candidato, só uma vez é que tinha conseguido eleger um deputado. Em 2019, decidimos que eu como ministro dos Negócios Estrangeiros, como responsável máximo dessa comunidade. Deram-me a confiança em 2019 e renovaram em 2022, mas agora não a renovaram", afirmou.
"Nunca cortei a palavra a quem fosse"
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, que "perdeu o lugar" para o cabeça de lista do Chega, Manuel Alves, mostra-se de consciência tranquila pela maneira com que lidou com o partido de André Ventura no Parlamento.
"Sinto que cumpri as minhas obrigações como Presidente da Assembleia da República. Em relação a qualquer dos grupos parlamentares ou qualquer deputado, a minha conduta foi sempre a mesma: respeitar sempre os seus direitos e fazer valer o regimento. Nunca cortei a palavra a quem fosse", atirou.
"Se na minha condição de Presidente da Assembleia da República, assistisse impávido e sereno a violações da regras parlamentares, teria vergonha de mim próprio, e é uma coisa que não tenho", acrescentou.
Ajuste de contas do Chega
André Ventura disse esta quarta-feira que a saída de Santos Silva do Parlamento era um “símbolo da humildade sobre a arrogância", lembrando o que considera terem sido “ataques persistentes” ao Chega.
O ainda Presidente da Assembleia da República desvaloriza essas declarações, dizendo que a sua relação foi “com os eleitores” e terá de respeitar a decisão.
"Isso não me interessa absolutamente nada. A minha relação foi com os eleitores. Dirigi-me às comunidades e apelei para que votassem e depois pedi que votassem no meu partido. Os eleitores das comunidades escolheram quatro deputados e exprimiram-se e só tenho de agradecer quem votou e respeitar as decisão", reiterou.
Fim político ou uma pausa?
Com este desfecho nas Legislativas, fica a incógnita sobre o futuro de Augusto Santos Silva. Será que o seu fim político ou apenas uma pausa? O socialista deixa uma garantia: no dia em que a nova legislatura entrar em funções, retomará o seu cargo de professor universitário.
"No mesmo dia em que a nova legislatura entrar em funções, eu retomarei funções na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, onde sou professor. Cumprirei o meu mandato até ao fim e retomarei o exercício da minha profissão", revelou.
E as ambições presidenciais?
Questionado sobre se será candidato a Presidente da República, Augusto Santos Silva não desvenda os próximos passos, remetendo para o calendário eleitoral.
"O tempo político não é linear. O tempo das Presidenciais abrandou. Agora é tempo das Legislativas e depois serão as Europeias", rematou.