O ano passado foi um dos piores anos em despedimentos desde a crise financeira de 2008. No setor bancário, foram demitidos mais de 60 mil bancários e encerrados centenas de balcões. Mas, o que é mau para uns, é lucro para outros.
Com os cortes nos balcões e na mão de obra, as comissões bancárias que não se alteraram e a subida das taxas de juro, os lucros da banca dispararam de tal forma que “por cada minuto a banca está a lucrar 8 mil e 200 euros", conta Nuno Rico, especialista em assuntos financeiros da Deco Proteste.
Em 2023, os sete maiores bancos portugueses - Caixa Geral de Depósitos, Millennium BCP, Santander, Novobanco, BPI, Crédito Agrícola e Montepio - lucraram 4,6 mil milhões de euros, um aumento de cerca de 1,9 mil milhões de euros em comparação com 2022.
“É saudável que isso aconteça. Agora, o que é moralmente questionável são estes montantes que são difíceis de compreender pela população, principalmente, por aqueles clientes que estão a ter enormes dificuldades”, sublinhou Nuno Rico, em entrevista à SIC.
A Caixa-Geral de Depósitos foi a última dos sete a apresentar os números de 2023: lidera o ranking com um lucro de 1,3 mil milhões de euros, um crescimento de 53% em apenas num ano.
Numa altura em que os portugueses fazem contas aos gastos e ao dinheiro que resta, ao final do dia, na carteira é, para muitos, incompreensível como é que a banca regista estes valores recorde.
"Os consumidores não têm muito a fazer perante estes resultados. Acabam por ter os seus contratos de créditos que têm de cumprir. Hoje em dia ter uma conta bancária é praticamente imprescindível", constatou o especialista da Deco.
A receita recorde da banca pode não voltar a repetir-se em 2024. A previsão de ligeira descida das taxas pode reduzir a rentabilidade dos bancos, mas, ainda assim, é expectável que os lucros não desçam muito.