Economia

BCE (cauteloso) mantém taxas de juro apesar do abrandamento da inflação

Na segunda revisão do ano, e confirmando as previsões, o BCE decidiu manter as taxas de juro inalteradas apesar do abrandamento da inflação. Christine Lagarde admite que a inflação mantenha a “tendência descendente” mas avisa que ainda “existem riscos”.

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O Banco Central Europeu (BCE) manteve esta quinta-feira as taxas de juro inalteradas, decisão que sai da segunda reunião de 2024. Desde dezembro que os banqueiros centrais optam não fazer qualquer alteração às taxas de juro, ainda que a inflação esteja a abrandar.

“Os especialistas do BCE projetam agora que a inflação seja, em média, de 2,3% em 2024, 2,0% em 2025 e 1,9% em 2026. As projeções para a inflação excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares também foram objeto de uma revisão em baixa, sendo, em média, de 2,6% em 2024, 2,1% em 2025 e 2,0% em 2026”, lê-se no comunicado do BCE.

A taxa de depósitos permanece em 4%, o nível mais alto registado desde o lançamento da moeda única em 1999, enquanto a principal taxa de juro de refinanciamento fica em 4,5% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez permanece em 4,75%.

O BCE destaca que desde a última reunião em janeiro, a inflação registou nova descida e que a inflação foi revista em baixa, em particular para 2024, nas projeções divulgadas hoje, o que reflete sobretudo um contributo menor dos preços dos produtos energéticos.

No entanto, indica que embora a maioria das medidas da inflação subjacente tenham registado novo abrandamento, "as pressões internas sobre os preços permanecem elevadas, devido, em parte, ao forte crescimento dos salários". "As condições de financiamento são restritivas e os anteriores aumentos das taxas de juro continuam a pesar sobre a procura, o que está a ajudar a reduzir a inflação", refere.

O Conselho do BCE volta a assegurar estar "determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%".

"Com base na sua atual avaliação, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro diretoras do BCE estão em níveis que, se forem mantidos por um período suficientemente longo, darão um contributo substancial para esse fim", refere.

A instituição reafirma que irá continuar a seguir uma abordagem dependente dos dados para as futuras decisões.

Relativamente ao programa de compra de ativos (asset purchase programme - APP) recorda que durante o primeiro semestre tenciona continuar a reinvestir, na totalidade, os pagamentos de capital dos títulos vincendos adquiridos ao abrigo do PEPP (programa de compra de ativos devido a emergência pandémica), enquanto no segundo semestre do ano, pretende reduzir a carteira do PEPP, em média, em 7,5 mil milhões de euros por mês.

Depois de subir as taxas dez vezes desde meados de 2022, colocando-as no nível mais elevado de sempre, o BCE tem optado, assim, por uma 'pausa' nas últimas reuniões, antes de vir a relaxar a política monetária.

Quando o BCE altera as taxas de juro diretoras, tal reflete-se no conjunto da economia, tendo impacto por exemplo nos empréstimos bancários, nos empréstimos a nível do mercado, no crédito à habitação, nas taxas de juro dos depósitos bancários ou em outros instrumentos de investimento.

É uma pausa no ciclo sem precedentes de aperto monetário que levou o BCE a aumentar as taxas 10 vezes desde meados de 2022.

O BCE mantém-se cauteloso, num contexto de múltiplas crises, com destaque para os preços da energia menos previsíveis no contexto da guerra entre Israel e o Hamas e a crise no Mar Vermelho, que também está a aumentar os custos dos transportes.

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