Os Protagonistas

Podcast

Luís Montenegro: “Há dias em que olho para mim próprio e me pergunto o que estou aqui a fazer, mas só descanso quando mudar o país”

Não há outro cenário que não ganhar ‒ e mesmo se perdendo, mantém que será recandidato à liderança do PSD e que não se aliará ao Chega. Numa conversa com Sebastião Bugalho no podcast Os Protagonistas, sobre o seu passado e o seu futuro, Luís Montenegro deixa uma comparação com um tempo mais antigo que pode ajudar a decifrar o pós-10 de março

“Há um histórico de governos que duraram uma legislatura em maioria relativa, por exemplo o do engenheiro Guterres”, aponta. E isso vale para os dois partidos, em 2024? “Com certeza que sim”, admite, sem desfazer por completo o tabu sobre quem, no caso de vitória do PS, viabilizaria a governação de Pedro Nuno Santos. Com Guterres, há quase trinta anos, foi o maior partido da oposição que o fez, liderado por Marcelo Rebelo de Sousa.

Nuno Fox

Sobre o PSD que encontrou quando se tornou líder, em 2022, fala na necessidade de mudanças, inclusivamente na relação com os portugueses, mas não responsabiliza o tempo da troika, a que é mais associado, pelas dificuldades. “Desde 1995, as pessoas ficaram com a ideia de que a nossa vocação era vir arrumar a casa, mas o PSD é muito mais do que isso”, sustenta, saindo em defesa do consulado de Passos Coelho, que lhe declarou apoio público ontem.

“O governo [2011-15] foi muito social-democrata. O SNS funcionava melhor. Havia mais democraticidade no acesso à escola pública”. Mas, ao contrário de Passos, não tenciona formar um Governo “a pensar se é mais curto ou sobredimensionado”. “Teremos os ministérios que é preciso ter”, afirma.

O seu estilo é outro. O seu “centrismo” é de propostas, não se de dizer mais ao centro, como outro antecessor preferia. Com esperança de conseguir pactos na “Justiça, na Educação e na Saúde”, lamenta o radicalismo recente do PS e o modo como tal condiciona o diálogo entre os dois partidos. Sobre a renovação do mandato da atual PGR, recusa “fazer essa avaliação” em contexto eleitoral, mas garante que a fará.

Num contexto de novos desafios internacionais ‒ com uma Europa alargada e uma América mais distante ‒, reconhece que as negociações em Bruxelas serão mais exigentes e não foge a uma provocação. Um português a presidir ao Conselho daria jeito? “Seria bom e útil”, sorri.

Em caso de derrota nas urnas, diz não ter “razões de queixa” de ninguém. Fez o que achou que era necessário com “o apoio de todos”, tanto na esfera partidária como na sociedade civil. Sobre si próprio, reconhece haver momentos de introspeção ‒ “há dias em que nos perguntamos porque me sujeito a isto” ‒, mas fala numa “força” que o impele a continuar. “No dia em que não a sentir, vou à minha vida”, solta. Por agora, ela continua aí.

A caminho das eleições, a SIC Notícias apresenta 'Os Protagonistas'. Da direita à esquerda, dos senadores aos estreantes, Sebastião Bugalho entrevista uma série de personalidades da política nacional até ao dia em que todos seremos, mais uma vez, chamados a votar. Até lá, programas serão apresentados, debates serão travados e um país percorrido. Pelo caminho, teremos realmente entendido quem são os nossos protagonistas? Se os políticos não são todos iguais, o que têm em comum entre eles? Que poder têm, não os políticos, mas os que passaram pela política? Todas as terças-feiras um novo episódio.

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