Equipa do Minho procura melhorar a prevenção e diagnóstico de infeções respiratórias

Equipa do Minho procura melhorar a prevenção e diagnóstico de infeções respiratórias

Chama-se Agostinho Carvalho, é cientista e está a investigar a melhor forma de melhorar a imunidade contra fungos e tratar infeções respiratórias.

No Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho lidera uma equipa que procura identificar biomarcadores personalizados e alvos terapêuticos para a aspergilose pulmonar crónica, causada pelo fungo Aspergillus.

O seu projeto intitulado “TRANS-CPA” foi apoiado com um milhão de euros pela Fundação “la Caixa” e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Os investigadores pretendem descobrir qual é a suscetibilidade à aspergilose por parte das pessoas que já sofreram doenças pulmonares. O objetivo é melhorar a prevenção e o diagnóstico, bem como contribuir para o desenvolvimento de terapias personalizadas.

A ideia que esteve na base do projeto “TRANS-CPA” nasceu há cerca de seis anos, de uma discussão com colaboradores com interesse mútuo na área das infeções fúngicas que queriam “decifrar os determinantes para o desenvolvimento da aspergilose pulmonar crónica”, em particular, “por que não foram desenvolvidos estudos com uma índole translacional nesta população de doentes e por que dados epidemiológicos apontam para um aumento do número de infeções na próxima década”, explica Agostinho Carvalho.

O fungo Aspergillus fumigatus é um fungo ubíquo e que por isso está em contacto permanente com os humanos. “O motivo pelo qual é clinicamente relevante é a sua capacidade de causar infeção em indivíduos com determinados fatores de risco.” Por exemplo, por apresentarem uma patologia pulmonar crónica subjacente que favorece a infeção, tal como a doença pulmonar obstrutiva crónica, a tuberculose ou a sarcoidose, estas pessoas têm maior risco de desenvolverem aspergilose crónica.


Melhorar a Imunidade


“No âmbito do nosso projeto, pretendemos não só caraterizar os mecanismos subjacentes à suscetibilidade à infeção, mas também avaliar o potencial terapêutico da manipulação (in vitro) de algumas vias do sistema imunitário (nomeadamente imunoterapia com interferão gama e inibidores de interleucina-1), de forma a melhorar a resposta imunitária a este fungo”, adianta Agostinho Carvalho.

Acerca das principais complicações que este fungo pode originar, esclarece que a principal é a “progressão do dano tecidular e insuficiência pulmonar que podem levar à morte.” Em pacientes imunocomprometidos, esta infeção mata dois em cada três pacientes.

Este projeto marca a diferença, segundo Agostinho Carvalho pela “abordagem personalizada à descoberta de marcadores de diagnóstico e alvos terapêuticos.” Toda a informação imunológica obtida nestes pacientes é avaliada individualmente e também no contexto do seu perfil genético. “Desta forma, pretendemos melhorar e individualizar a abordagem clínica nestes pacientes através de uma estratégia de medicina personalizada”, afirma.

Na fase atual desta investigação, os cientistas estão a avaliar com mais detalhe os parâmetros obtidos dos doentes, de forma a perceberem a resposta imunitária à infeção de acordo com características individuais dos pacientes. O objetivo último é melhorar a qualidade de vida de todos o que sofrem de infeções respiratórias.