Na cozinha da casa da minha avó Felicidade, de paredes centenárias e porta sempre aberta para a rua, quando a família se reunia à volta da mesa larga, as conversas dos adultos estendiam-se noite dentro, no encosto do lume, e eu gostava de ficar à escuta. E de perguntar. Quando cresci e as minhas interrogações começaram a arriscar o limite da inconveniência, tornei-me jornalista. E com esse carimbo, ganhei passaporte para legitimar todas as questões e para entrar em todas as casas, das que lhes falta o chão às que exibem tetos dourados. A curiosidade sempre foi o meu motor. Na equipa da Reportagem Especial da SIC, da qual faço parte, desbravo quintais e mundos de microfone em punho, em busca de vidas e histórias que valem voz e imagem. E ponho à prova a dose de fascínio, respeito e responsabilidade que o jornalismo deixa no meu colo todos os dias.